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Mostrando postagens de março, 2008

Carlos Drummond de Andrade

"Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força consegue destruir."

Tédio

"Não sinto mais prazer pelo que sentia, não desejo mais aquilo que queria... Não há nada mais para mim neste mundo" Nem o tédio me surpreende mais... Minha vida está ficando cada vez mais vasia. As músicas que tanto amava agora é motivo de dores de cabeça Os alimentos que gostava me dão ancias só pelo cheiro Os programas que assistia agora me são tediosos O prazer que sentia não sinto mais Os desejos que tinha agora me são vasios Os poucos sonhos que ainda me sustentavam agora não importam mais Nada mais me importa, nada mais me é caro, nada tem sentido para ser feito. Vivo agora por um simples segundo, ou por vários. vivo pela embriagues do esquecimento, que ainda não me chateia. Vivo... ou talvez nem isso mais fasso, apenas um corpo sem alma que caminha pocurando uma cova funda o suficiente para o levar ao inferno, para poder procurar por sua alma...

Gungrave

"Eu queria dizer para o meu velho eu que, para proteger alguém, devemos sacrificar nossa própria vida. Mas para isso, nunca se deve traí-lo." Brandon Heat

Esperanças

Este corpo vasio e sem alma Sem sonhos ou anseios Perdido entre desejos de uma alma morta E um corpo sem vontade de viver Olhos opacos a fitar o futuro Um futuro de meiores medos e desilusões Os mesmos olhos que fitam a luz Que olham para o céu e não o encherga azul Uma boca escancarada Em um grito silencioso de socorro Ou talvez de perdão Perdão por todas as pelavras não ditas E braços afrouxeados, tombados rente ao corpo Braços fortes, que não desejam mais abraçar as estrelas Pois os olhos não mais podem vê-las E a boca não pode mais chamá-las Um corpo morto por dentro Olhos, boca e braços inúteis Nada a fitas, nada a sentir, nada a possuir E uma alma negra e vasia, sem sonhos ou esperanças

As cores morbidas e belas de nossas vidas

No caminho não vejo flores Apenas galhos secos e mortos E a paisagem cinza de nossas vidas Esse cinza, morbidamente belo Sempre a nos abençoar Com pesadelos vívidos E sonhos vazios

Gatos

"O gato devolve ao homem a exata medida da relação que dele parte. Sábio, é espelho. O gato é zen. O gato é Tao. Ele conhece o segredo da não-ação que não é inação. Nada pede a quem não o quer. Exigente com quem ama, mas só depois de muito certificar-se. Não pede amor, mas se lhe dá, então ele exige. Sim, o gato não pede amor. Nem depende dele. Mas, quando o sente, é capaz de amar muito. Discretamente, porém sem derramar-se. O gato é um italiano educado na Inglaterra. Sente como um italiano mas se comporta como um lorde inglês. Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não transa o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa essa relação precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se relaciona com a aparência do homem. Ele vê além, por dentro e pelo avesso. Relaciona-se com a essência." Trecho de Ode ao Gato, escrita por um homem que ama gatos: Artur da Távola.

Augusto dos Anjos, O Poeta do Hediondo

Sofro aceleradíssimas pancadas No coração. Ataca-me a existência A mortificadora coalescência Das desgraças humanas congregadas! Em alucinatórias cavalgadas, Eu sinto, então, sondando-me a consciência A ultra-inquisitorial clarividência De todas as neuronas acordadas! Quanto me dói no cérebro esta sonda! Ah! Certamente eu sou a mais hedionda Generalização do Desconforto... Eu sou aquele que ficou sozinho Cantando sobre os ossos do caminho A poesia de tudo quanto é morto!

O Nosso Amor a Gente Inventa (estória romântica)

O Nosso Amor a Gente Inventa (estória romântica) Cazuza/Rogério Meanda/João Rebouças O teu amor é uma mentira Que a minha vaidade quer E o meu, poesia de cego Você não pode ver Não pode ver que no meu mundo Um troço qualquer morreu Num corte lento e profundo Entre você e eu O nosso amor a gente inventa Pra se distrair E quando acaba, a gente pensa Que ele nunca existiu O nosso amor a gente inventa, inventa O nosso amor a gente inventa, inventa Te ver não é mais tão bacana Quanto a semana passada Você nem arrumou a cama Parece que fugiu de casa Mas ficou tudo fora do lugar Café sem açucar, dança sem par Você podia ao menos me contar Uma estória romântica O nosso amor a gente inventa Pra se distrair E quando acaba, a gente pensa Que ele nunca existiu

Desistência

Quem no mundo ouviu o afã de um ser imundo e por um segundo esqueceu-se de que ele sujaria o divã Quem no mundo amou a cortesã amargurada e sofrida por um segundo esqueceu que ela era violada e por isso parecia aflita Quem no mundo teve sentimento no momento em que viu o sentimento do mundo Quem no mundo não se sentiu violado por seres comuns se sentiu derrotado e amarrotado vestiu as roupas e fingiu se recompor Quem no mundo abre o seu amor Para que lhe diz de sua dor Não sabemos amar, nem sermos amados Portanto recolhamos nossos pedaços Deixemos os cheiros na cama E sem fazer drama Retiremos do recinto nossa carcaça Ainda confusa se foi prazer Se foi desgraça