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O homem invisível

Era solitário, o homem invisível. Todos lhe amavam mas ninguém o enxergava. Era pai,  irmão,  amigo,  confidente,  amante,  protetor.  Mas mesmo sob holofotes,  simplesmente não era. Estava sempre lá,  sem ser notado.  Ouvia os segredos,  aprendia,  sentia.  Era a muralha e o inimigo,  sem lhe notar, seu poder temiam. Sabia muito,  mostrava pouco.  Logo esquecido,  nenhuma falta fazia. E sozinho em sua solidão,  chorava.  Queria apenas que lhe enxergassem, lhe ouvissem,  lhe notassem. Queria apenas saber como era existir. Dia após dia,  enquanto suas lágrimas rareavam, sua alma morria.  Pedaço por pedaço lhe arrancavam com mentiras e esquecimento. Seus risos diminuíram,  seus cuidados acabaram.  Resolveu ele se esquecer também. Plantou o bem mas não obteve colheita.  Regou o solo das memórias com suas lágrimas mas não fez crescer nenhum fruto. Caminhou pela noite fria, aquecido pelo rancor. Completamente esquecido,  seguiu até o ponto mais alto.  Abriu seus braços e suas as
Tudo que faço é pra não enlouquecer Antes dessa última promessa cumprir Sozinho, isso não é mais viver Fechar um ciclo e à estrada seguir Sem olhar para trás, apenas andar E esquecer cada um desses segredos Sem nome, sem nunca voltar a amar Me entregar eternamente aos meus medos

Não seguirei

Hoje eu acordei mal... Não, isso é redundante... Simplesmente acordei, eu sempre estou mal Sonhei... Com as pessoas que mais amei.  Com as únicas pessoas que amei. Não foi um bom sonho... Elas voltaram pra me assombrar, me torturar, me destruir... Fazer justiça, fazer eu pagar pelo oq eu fiz... Acordei ainda com a sensação das mãos dela no meu pescoço. Com a sensação do ar faltando e a vida acabando. Acordei... Com a certeza que não fui perdoado.  De que onde quer q ela esteja, ela voltará sempre que eu desejar ser feliz, pra me lembrar da culpa que tenho pra carregar. Me lembrar de que eu destruí e matei tudo que eu amei. Acordei com os olhos secos. Passei o dia com os olhos secos, com um sorriso no rosto. Com a máscara de sempre, que não posso mais tirar na frente de ninguém... Não tenho o direito de querer seguir em frente... Não tenho o direito nem mesmo de aproveitar os poucos momentos que me oferecem... Não posso chorar ainda... Assim como não posso querer ser feliz. Não te
Sou o novo e o velho O feio e o belo O clássico e a vanguarda A falta de paciência que tudo aguarda Sou o certo e o errado O concreto e o arado A luz e a escuridão Aquele que foi onde os outros não vão Sou o culpado e o inocente O passado e o presente A submissão e a escolha O que joga fora por mais que recolha Sou o grito da dor E o silêncio do amor O perfume sem flor Não sei quem sou,  apenas sou
Um "dom" é como uma espada afiada: você pode se machucar muito,  ou pode aprender a usar e ter uma pra vida inteira No primeiro caso,  você pode chamar de maldição.  Perder o controle,  ser dominado pelo medo e nega-lo. A pior parte disso é quando essa maldição poderia lhe ser útil,  mas você tem tanto medo de se machucar de novo que deixa esse puxão do destino escapar.  E quando você resolve usar essa arma que a vida lhe impôs,  já estes velho demais,  acostumado demais ao medo,  pra saber usar.  Você pode até não mais se machucar,  mas não consegue aprender a usar. Passou tanto tempo reprimindo seu dom que não consegue mais controlar.  E por isso perde.  Perde oportunidades,  perde o timing, perde tudo que poderia conquistar.  A empatia é,  por si só, uma arma muito poderosa.  Mas depois de passar 25 anos negando-a e amaldiçoado ela como uma vulnerabilidade,  você perde a capacidade de reconhecer se aquele sentimento é um desejo seu,  ou se é algo que está vindo d

Dualidade

Por baixo dessa máscara de forte, intocado Estou completamente destruído, destroçado Por trás desse sorriso fácil e sonoro Alimento minha culpa e choro Além dessa fachada de vagabundo Pouco a pouco desisti do mundo Sem casa, família ou amigos Meus desejos cada vez mais ambíguos Nessa corda bamba, morte e vida Minha alma cada vez mais dividida O peso dessa farsa já não aguento Sonhar e não ter ninguém pra ouvir meu lamento Tudo e nada exatamente agora O querer ficar, mas também ir embora

Cacos

Estou quebrado De uma forma irreversível Estou acabado Me curar é impossível Corpo e alma completamente partidos Desde o início Embotados eram meus sentidos Antes não chorava Não conhecida a beleza de uma flor Agora eu grito Do mundo não vejo mais a cor Apenas existo Com a alma cheia de rancor Hoje, desisto Dessa vida sem amor

Desejo

Espero que você nunca tenha que sentir A dor de ver sua alma gêmea partir Com um sorriso no rosto azul, pendurada E sentir para sempre sua alma ser rasgada O passado é impossível esquecer Cada vez que fecha os olhos, aquela cena rever Sua culpa para sempre atormentar Não ter mais um lar para voltar E saber que em nenhum outro irá sentir O mesmo amor que viu partir
Desejar que o motivo pra se manter vivo morra é errado? Mesmo se eu já não suportar mais esse fardo? Preferiria que ela não tivesse sobrevivido Que fosse em paz, sem enfrentar esse dia a dia sofrido Presa a uma cama não tivesse ficado E a dama sombria de sua presença tivesse se agradado Não me haveria propósito, nem ultima promessa Poderia seguir em frente, sem nada que me impessa Não seria essa pessoa rancorosa que me tornaria Me libertaria dessa cruz e viver novamente iria

Casta dama

O brilho negro em seus olhos A beleza rara e maldita de sua face O rubro de seus lábios... Sim, estou indo Mas do beijo da morte aproveitarei Sua castidade levarei Junto à minha alma Direto para o inferno

Memórias em cristais

Translúcido cristal trabalhado Refletindo em suas várias faces A chama maestral e bela: A vida que queima e ilumina Beleza morna, distorcida e ampliada Todas essas lembranças Minhas e de muitos outros Dançarinas do tempo Enebriadas por essa luz Sussurram em minha mente A escuridão da repetição do tempo

Querida amiga

Vamos juntos por esse mundo monocromático Ainda que de uma cor, belo ele é Não se iluda com palavras românticas Essa existência é apenas real, realista Sem a beleza cantada pelas três gerações Sendo o moderno, apenas uma visão pessimista Ande comigo, para sempre, nesse mundo cinza

Querida morte

Responda-me, ó anja de ébano Por que suas asas são negras? Por que suas lágrimas são rubras? Esperei por ti um longo tempo Mas agora que estás aqui Arrependo-me, pois neste purgatório Encontrei belas almas perdidas E corpos vazios, que me fazem Querer um pouco mais ficar Quando escrevi esse texto, a tantos anos atrás, marquei ele com um grande X e uma anotação do lado "Ficou horrível" Posso não gostar, mas faz parte de mim, e uma bela alma me convenceu a colocar todos aqui

Nuances

Nesse vazio intenso, algo mais, além Um monstro, um buraco negro Algo, engolindo tanto luz como sombras Num turbilhão de solidão sem dor Ceifando sonhos antes de nascerem E transformando pesadelos em verdades Ser mais um vazio nessa existência insignificantes
Junto a uma alma quebrada Um corpo exausto, uma mente enfadada Levados ao extremo da dor e solidão Incinerados por toda desilusão Amontoados, em choro, sem paixão

O Verso do Inverso

A vida não é só o inverso É também o reverso O inverso de todo verso A chama que congela A curva que é reta E a alma que é incompleta
A solidão me consome E as lágrimas já não Apagam o fogo da dor Que queima minha alma Meu rosto, meu riso Assombra minha mente Me tortura, ameaça Os detalhes de tua face Me mastigam, machucam Aumentam em mim A escuridão da solidão
Porque esvai-se, alma minha? Buscas em outros a vida, mas não encontra Nesse corpo cansado de lutar Ou simplesmente voa, como cinzas ao vento Que não consegue mais manter acesas nem as brasas Desta que era uma existência Que apenas buscava o calor das chamas
Preciso de um tempo, preciso respirar Preciso de um motivo ao qual me agarrar Segurar as lágrimas se tornou impossível Aos meus olhos, esse pavor incrível Um desejo de morte para mim e outrem Essa promessa já não me convém Dia após dia pelo fim espero Antes do coração se tornar de ferro A cruz que carrego não me pertence Mas no final, só a escuridão vence
É nas batidas ritmadas desse coração Que reside meu único consolo Meu único desgosto,  único choro Última lágrima,  carregada pela inveja Pesada,  rolando e levando Lavando Essa alma nascida do rancor Sem o pesar ao ritmo acompanhar Ou a inveja a lhe corroer Não mais existe,  só ouve Os batimentos ecoando no vazio Que é esse coração sem luz a guiar
Sem mais sofrer O que resta a essa alma fazer? Morto é o onipotente Que de onisciente é vazio Anseios ou medos a não sofrer Onipresente,  sem ter aonde ir Esperanças ou sonhos,  tão fáceis Realizáveis,  realizados O que resta a essa alma almejar Se não consegue mais se amar?
Do tudo ao nada Do fogo às cinzas Uma alma que queima Em busca de liberdade e vida Será aquela alma sem luz Que vaga infinitamente,  procurando Todo aquele prazer que perdeu O desejo de vida que deixou de existir
Sem  mais amar ou sentir Do que me vale esse existir O grito ser ecoar Apenas esperanças a abandonar Sem céu ou inferno para esperar Apenas um pranto a menos a entoar Uma lágrima a menos a escorrer E um vazio a mais para percorrer
Achas que deve existir Alguém que não consiga sorrir Que não possa chorar ou amar Nem ao menos odiar?  Uma pessoa que não sofra a dor E não goze o prazer Não sinta o cheiro da flor Mais nada possa fazer
Preciso de ajuda Não quero ser curado. Não quero voltar a viver... Mas eu preciso de ajuda pra sobreviver. Eu sei q não tenho o direito de querer viver de novo... De ser amado de novo... Mas tem uma única coisa que ainda não destruí na minha vida: minha palavra Tenho uma promessa a cumprir ainda... E eu nunca quebro uma promessa. Nunca Eu quero morrer sabendo que pelo menos uma coisa eu não destruí... Mas eu preciso de ajuda,  está difícil demais Doendo demais Meus dentes entortaram de tanto que eu pressiono o maxilar.  Meu estômago queima com as úlceras.  Minhas mãos tremem. Meus rins doem como se tivessem sendo esmagados. Sinto dormência nos braços, como se tivesse tendo um infarto.  Minha cabeça martela a cada batida do meu coração... Eu não aguento mais estar vivo.  Não quero quebrar minha promessa,  mas não consigo mais continuar assim... Não mereço felicidade, eu sei... Mas eu queria um pouco de consideração... É uma luta muito grande manter meus monstros guardados aq

Máscaras e ruínas

Eu devo ser muito forte Ou ser tão fraco que não importa mais Não sei se escolhi viver ou sofrer Mas sei que isso tudo eh errado ser Resolvi vestir a máscara que a vida me deu No final, nada disso na verdade sou eu Ou talvez tudo isso seja o resultado Daquele que se tornou um fracassado Hoje sou aquele que a tudo desistiu Que possui uma alma que nunca sorriu

Minha perfeita descrição

"Ela: Você também é interessante sabia? Eu: realy? why? Ela: Ter uma conversa cara a cara ctg ia esclarecer umas dúvidas. Eu não consigo saber como você é Suas emoções são fortes e frias ao mesmo tempo Dá pra sentir a culpa e a ausência dela em uma mesma pessoa É estranho como você parece tão vazio e tão cheio. Acho que é por isso que ainda não me cansei de você" Eu sou o gelo que queima. Sou culpado por ser inocente. Sou a contradição, sou o abismo.

O início, e a escolha do fim

Quando eu era bem criança, gostava de me fechar no meu quarto e brincar com bonecos... Cada voz em minha cabeça era um. Eu colocava eles pra brigar, conversar, dividia em times... Quando fiquei mais velho, descobri os livros. Dei a cada voz um personagem, e me perdia entre as linhas, belas palavras, narradas e interpretadas por meus demônios. Depois veio a internet, e com ela os jogos pra me distrair das incessantes tramas da minha mente... Veio também mais livros, e-books que sempre se renovavam, aumentando meu mundo interior e me afastando cada vez mais do exterior. Veio o bulling, e as vozes ganhavam força. Desejos assassinos, conhecimento das leis, planos para torturar e matar sem ser descoberto. Veio o embotamento emocional, o distanciamento cada vez maior das pessoas. Vieram, com força, os pensamentos suicidas, o ódio por mim mesmo, e pelos outros. Mais tarde, com mais liberdade, veio o desejo... O desejo de testar meus limites. De me embriagar, de me drogar, de fugir da real