O homem invisível

Era solitário, o homem invisível.
Todos lhe amavam mas ninguém o enxergava.
Era pai,  irmão,  amigo,  confidente,  amante,  protetor.  Mas mesmo sob holofotes,  simplesmente não era.
Estava sempre lá,  sem ser notado.  Ouvia os segredos,  aprendia,  sentia. 
Era a muralha e o inimigo,  sem lhe notar, seu poder temiam.
Sabia muito,  mostrava pouco.  Logo esquecido,  nenhuma falta fazia.
E sozinho em sua solidão,  chorava.  Queria apenas que lhe enxergassem, lhe ouvissem,  lhe notassem.
Queria apenas saber como era existir.
Dia após dia,  enquanto suas lágrimas rareavam, sua alma morria.  Pedaço por pedaço lhe arrancavam com mentiras e esquecimento.
Seus risos diminuíram,  seus cuidados acabaram.  Resolveu ele se esquecer também.
Plantou o bem mas não obteve colheita.  Regou o solo das memórias com suas lágrimas mas não fez crescer nenhum fruto.
Caminhou pela noite fria, aquecido pelo rancor.
Completamente esquecido,  seguiu até o ponto mais alto.  Abriu seus braços e suas asas,  olhou para o céu e caiu no vazio.
Esquecido.  Invisível.
E, finalmente, não mais existia.

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